Perguntinhas sobre Deus é uma canção composta e escrita por Atahualpa Yupanqui, aqui cantada por ele mesmo e por Angel Parra:
Perguntinhas sobre Deus
Atahualpa Yupanqui
Neste depoimento Atahualpa diz: “Eu fiz uma canção que me trouxe muita satisfação e muitas dores de cabeça também porque fiquei 100 dias preso por causa desta canção que se chama “Perguntinhas sobre Deus“:
Uma versão muito emocionante dessa canção foi interpretada por Angel Parra:
Perguntinhas sobre Deus
Angel Parra
Um dia eu perguntei:
Vovô, onde está Deus?
Meu avô ficou triste
E nada me respondeu.
Meu avô morreu nos campos,
Sem reza nem confissão,
E o enterraram os índios,
Flauta de bambu e tambor.
Uma vez eu perguntei:
Meu pai, o que sabe de Deus?
Meu pai ficou sério
E nada me respondeu.
Meu pai morreu na mina
Sem médico nem proteção.
Cor de sangue mineiro
Tem o ouro do patrão.
Uma vez eu perguntei:
Irmão, que sabes de Deus?
Meu irmão baixou os olhos
e nada me respondeu.
Meu irmão vive nos montes
E não conhece uma flor.
Suor, malária e serpentes
É a vida do lenhador.
E que ninguém lhe pergunte
Se sabe onde está Deus.
Pela sua casa não tem passado
Tão importante Senhor.
Eu canto pelos caminhos
E quando estou na prisão
Ouço as vozes do povo
Que canta melhor que eu.
Há um assunto na terra
Mais importante que Deus.
E é que ninguém cuspa sangue
Pra que outro viva melhor.
Que Deus vela pelos pobres?
Talvez sim e talvez não.
Mas é certo que almoça
Na mesa do patrão.
Eleuterio Galván é uma canção composta e escrita por Atahualpa Yupanqui, aqui cantada por ele mesmo e por José Larralde:
Eleuterio Galván
Atahualpa Yupanqui
Eleuterio Galván
José Larralde
Era una vida sencilla
La de Eleuterio Galván
Hombre ni joven, ni viejo
Tan pobre como el que más
Con dos hijos en la casa
Y otro perdido por ahí
Tenía un rancho chiquitito
Cerca del cañaveral
Bebía un vino dudoso
Que lo ayudaba a prosear
Lo demás era silencio
Y era cuando hablaba más
Las cosas no se emparejan
Cuando es duro el trajinar
Era una estrella pequeña
La esperanza de Galván
Soñaba con un caballo
Nunca lo pudo comprar
Varios fueron al velorio
Cuando se murió Galván
Peón de surco con un rancho
Cerca del cañaveral
Hombre ni joven, ni viejo
Tan pobre como el que más
Con dos hijos en la casa
Y otro perdido por ahí.
Héctor Roberto Chavero Aramburu, foi um cantador, violonista, poeta e escritor argentino, nascido no Campo de la Cruz, vilarejo rural de Juan Andrés de la Peña, município de Pergamino, ao norte da província de Buenos Aires, Argentina, em 31 de janeiro de 1908 e falecido em Nîmes, cidade no sul da França, em 23 de maio de 1992.
Filho de pais crioulos argentinos de antepassados basco e sírio, passou sua infância no município de Junín, onde seu pai era um ferroviário.
Aprendeu a tocar violão com o concertista Bautista Almirón, conhecendo e estudando as obras de Sor, Albéniz, Granado, Tárrega, Schubert, Liszt, Beethoven, Bach, Schumann…
Viajando pelos campos da Argentina, conheceu a música, os rítmos e os instrumentos populares argentinos.
Ainda adolescente, adotou o “nome artístico” de dois antigos soberanos incas, Atahualpa (Ata=vir, Hu=longe, Allpa=terra) Yupanqui (dizer, contar): “O que vem de longe terra, a dizer… a contar”.
Órfão de pai, tornou-se arrimo da família, trabalhando como jogador de tênis, lutador de boxe, jornalista, mestre de escola, tipógrafo, cronista, músico e, fundamentalmente, tornou-se agudo observador da paisagem e do ser humano.
Participou da fracassada rebelião dos Irmãos Kennedy em 1932 contra a Ditadura do General José Felix Uriburu (que tomara o poder constitucional por meio de golpe militar em 1930), exilando-se em seguida no Uruguai.
Retornando à Argentina, percorreu novamente o Altiplano em busca de testemunhos das velhas culturas aborígenes, inclusive em lombo de mulas.
Por ser filiado ao Partido Comunista, sua obra sofreu intensa censura por parte do Governo de Juan Perón (eleito em 1946), tendo sido detido e encarcerado várias vezes.
Em 1949 Atahualpa vai para Paris, onde, com apoio de Edith Piaf, torna-se conhecido e aplaudido, atuando então em toda a Europa. Voltando à Argentina em 1952, percorreu o país sempre buscando conhecer e aprender a música e a vida de seus conterrâneos do interior, pobres e oprimidos.
Na década de 1960, de intensa crítica e busca de identidades e raízes nacionais, suas canções se generalizaram no meio musical dos jovens artistas da América Latina, como Violeta e Angel Parra, Victor Jara, Alberto Cortez, Alfredo Zitarrosa e Jorge Cafrune, que o tratavam como “Don Ata”.
Entre 1963/1964 realizou uma turnê pela Colômbia, Japão, Marrocos, Egito, Israel e Itália.
Em 1967, após vários concertos pela Espanha, radicou-se finalmente em Paris, alternando estadias em sua fazenda (los pagos de su querencia) em Cerro Colorado, na província de Córdoba, Argentina, onde foram enterradas suas cinzas após seu falecimento em Nîmes, na França.
Mais informações sobre a biografia de Atahualpa Yupanqui podem ser encontradas no sítio da Fundação Atahualpa Yupanqui: