Louco Antonio
Alfredo Zitarrosa
(Milonga)
Milonga o que estás pensando?
O que tu vais contar?
Não me deixes com tristeza,
eu nisso não penso mais.
Disseste que eu a queria,
olhas que falas demais,
falas de Santa Luzia
21 anos mais atrás.
Ponte de ferro sobre o capinzal,
água sem rumo, como no mar,
a lua o abandonava
e se achegava à vizinhança.
O louco Antonio amava mais,
remos de madeira e barcaça,
as baixantes o encontravam
pensando e a fumar.
Atravessando a ponte, milonga,
te lembras há um lugar
onde a garça resmunga
ao lado de um manancial
Pensas que naqueles dias
que tu queres recordar
já estava em Santa Luzia
com sua ponte e seu canal.
Ponte de ferro sobre o capinzal.
Crescente como no mar,
a lua o abandonava
e se achegava à vizinhança.
O louco Antonio amava mais,
remos de madeira e barcaça,
as baixantes o encontravam
pensando e a fumar.
O louco Antonio amava mais,
remos de madeira e barcaça,
as baixantes o encontravam
olhando para o canal.
